17.7.16

As últimas golfadas de vinho saiam da garrafa. A taça já manchada pelo uso refletia, com proporções engraçadas, a vastidão da sala. Não que fosse vasta de verdade, mas o seu reflexo ampliava ainda mais minha solidão. E junto com o vinho se acabava também minha esperança, que frágil são os sentimentos humanos!

E mais um dia terminava, a cabeça distraída com o vinho e o coração a bater lânguido pelo sorriso que não se vê mais sorrir por aqui... Num lapso de sanidade percebo meu desejo e alimento a esperança, mas já era tarde. Debilitada, a esperança não tinha mais motivo de existir, mas mesmo assim eu a mantinha viva, sofria ela e sofria eu. Mas ela não podia morrer, era tudo o que me restava...

Batidas na porta. Eu sabia que não era ela, mas a esperança moveu seus olhos na direção da porta e minhas pernas bambearam. Na porta, a certeza de que ela já não voltaria mais. Alta e imponente, deixando clara pela sua postura que iria ficar, sacrificou a esperança e sentou-se em seu lugar. A saudade chegou.

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