15.4.15

Há tanto que não me perdia assim, levado à sorte pelos emaranhados fios da emoção, nada ali fazia sentido. Eu não procurava sentido. Tudo o que eu queria enquanto percorria essa estrada era aquela imagem tão desfeita e reconstruída em minha mente, era a imagem dela. Não essa imagem que sempre volta a aparecer dela de costas, não ria, estava de costas mas eu sabia que ela não ria, respirava fundo e caminhava certa de ir. Não voltou mais.
Queria encontrar a imagem dela ainda sorridente, vindo. Vinho. Cambaleante por estradas sinuosas, sem sair de casa te procurava ainda em mim. Achei fragmentos do que antes fora nosso castelo, uma risada ecoa ao longe - é claro que estou fazendo papel de trouxa, claro que estou perdendo o juízo. Ajuizado que era não me adiantou em nada, ela foi. Vinho. Quem me dera, pelo menos, voltar pra sanidade, voltar para as linhas retas e curvas equacionadas, quem me dera sair desse confuso de estradas que sempre levam ao mesmo lugar. Os percursos percorridos pelas emoções só levam ao mesmo lugar: desespero.
Vou rezar aos santos, estes que, para além do homem, sabem muito bem lidar com as paixões. Mas na minha loucura só encontrei aquele anjo perdido em emoções, caído em tentação, sozinho e desesperado, insano e perturbado. Só encontro aquele que sofre como eu. E solitário que estamos percorremos juntos um trecho. Me chamou pela razão, cobrou de mim coerência. Dei-lhe com um pau de espadas, quebrei-lhe o ouro de copas. Aqui já não havia mais nada, mais ninguém. Só sono agora. Mas como dormir sem cafuné?

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