30.10.14

Escrevo muitas vezes para espantar a solidão
Meus pensamentos já não me acalentam mais
Escrevo muitas vezes para espantar a solidão
De meu corpo e a carência dos meus braços.
Hoje senti-me triste, como há muito não sentia
Queria chorar para alguém minhas dores
Mas não havia nada nem ninguém, não a via
Perco-me as vezes na escrita, perco-me em vão
Escrevo muitas vezes para espantar a tristeza
Escrevo muitas vezes para espantar a solidão.
Só me percebo só quando entristeço, sou assim
Não há abraços que não me façam chorar
Não há uma mão no ombro para encorajar
Não há leito onde descansar, não há porquê.
Só há a mim, só há espaço para mais gente
Algumas vezes estou mais do que sou, só
Algumas vezes sou e só, mas só estou noutras
E de carinho sigo carente, de olhares fujo
Para que não me decifrem nem me devorem
Caminho por entre espectros de nossa própria criação
Estamos atentos, mas não há tempo. Não há porque.
Só há solidão. Todos juntos estão sozinhos e só.
Ninguém está sozinho por entre a gente, ninguém.
Escrevo algumas vezes para espantar a solidão,
Nunca funciona, mas sigo tentando, talvez em vão.

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